sexta-feira, fevereiro 14, 2014

Adaptacao e choque cultural


Depois de uma conversa com alguns amigos, resolvi me aventurar por um assunto delicado, mas interessante: o choque cultural. Digo delicado porque cada um tem uma experiencia, cada um constroi a sua historia e bla, bla, bla, bla!

De acordo com o Wikipedia,  Choque cultural refere-se à ansiedade e sentimentos (de surpresa, desorientação, incerteza, confusão mental, etc) sentidos quando as pessoas têm de conviver dentro de uma diferente e desconhecida cultura ou ambiente social. Após deixar o que era familiar para trás, as pessoas têm de encontrar o caminho em uma nova cultura que tem uma modo de vida diferente e uma mentalidade diferente,1 tal quando em um país estrangeiro. A partir daí, nascem as dificuldades de assimilar a nova cultura, causando dificuldades em saber o que é adequado e o que não é. Muitas vezes combinada com uma aversão ou mesmo nojo (moral ou estético) com certos aspectos da nova cultura.

Esse tipo de problema costuma ser freqüente entre e imigrantes, sobretudo quando as circunstâncias de vida mudam radicalmente. Imediatamente após o contato com a cultura diferente a pessoa pode experimentar um estresse pequeno e, durante algum tempo, até desfrutar de certos aspectos da nova cultura.

Com a manutenção da situação por mais tempo pode haver um agravamento do estresse psicológico. Os sintomas e sinais associados com este estresse variam de uma pessoa para outra, mas costuma ser representado por ansiedade, alterações do humor e/ou do comportamento.

Nas minhas peregrinacoes pela web, achei uma conceituacao interessante sobre a adaptabilidade a uma nova cultura, no site do governo, definida em 4 fases:

Fase 1: A felicidade e a fascinação.
Pouco antes ou pouco depois de chegar no Canadá você pode:
Ter grandes esperanças e esperar grandes coisas, sentir que este é um momento muito emocionante, que tudo é novo e interessante; sentir-se confiante e que você pode facilmente lidar com problemas e stress, ter a tendencia de concentrar-se no que é semelhante entre o Canadá e a cultura do país de origem.

Fase 2: Decepção, sentimentos confusos , frustração e irritação.
Durante os primeiros seis meses, você pode:
Sentir-se feliz com os desafios superados ou sentir-se frustrado , confuso e decepcionado;
Sentir-se muito positivo um dia e muito negativo no próximo; passar a concentrar-se nas diferenças entre si mesmo e os canadenses; Sentimento de perda da família que ficou no pais natal, não sentindo nenhuma ligação  com o Canadá. Têm dificuldade em ir ao trabalho ou ate mesmo de procurar um novo trabalho; sente solidão e muita falta do seu país e entes queridos, sentindo-se culpado por ter deixado para trás os membros da família.

Fase 3: ajuste ou recuperação gradual .
Durante esta fase de ajuste que você pode:
Sentir que esta no controle de sua vida e em como você pode obter uma melhor compreensão do Canadá, sente-se mais confiante em suas habilidades de linguagem e aos poucos passa a se envolver na comunidade, alem de uma melhor compreensão de como se adaptar à vida no Canadá e do que precisa ser feito para obter o que deseja no Canadá.

Estágio 4: Aceitação e ajuste.
Durante esta fase de ajuste que você provavelmente vai :
Sentir-se mais confortável no Canadá, ja fez alguns amigos e esta envolvido na sua nova comunidade, entende melhor como as coisas são feitas no Canadá; Seja estudando ou planejando voltar para a escola, satisfeito no trabalho ou buscando melhores oportunidades de emprego.
Nesse ponto, em geral, sente bastante satisfeito sobre ter vindo para o Canadá.

Eu fiz uma auto-analise da minha saga canadense e me dei conta de que (baseado-me nos estagios sugeridos pelo site oficial de imigracao), eu pulei do estagio 1 para o estagio 4 e comecei a me questionar o porque dessa percepcao.

Bem, como ja citei no blog, minha preparacao para a imigracao comecou 4 anos antes de chegar aqui, mas por mais preparado que pensamos estar, a vida real eh bem diferente da vida “pintada” nas redes sociais e na maioria dos blogs que leio, entretanto, mesmo sendo redundante, nao canso de repetir: uma coisa eh ter o perfil que o CANADA deseja; outra coisa eh estar preparado para adequar-se ao que OS CANADENSES querem (ou nao); dia desse ouvi de um amigo canadense a seguinte expressao: QUEM QUER A IMIGRACAO EH O CANADA, NAO OS CANADENSES. Fiquei pensando sobre o assunto, ja que a conversa surgira com a seguinte questao, feita por ele a mim:

“Sendurou” - eh o jeito que a maior parte deles pronunciam meu nome (Sandro) – qual a sua opiniao a respeito da imigracao canadense? Pergunta essa que desencadeou uma serie de outras questoes, sobretudo ligadas a alta carga tributaria bem como sobre as pessoas que vivem de ajuda social.

Ou seja, na minha humilde, singela e negril opiniao, estou convencido de que nao me interessa se eh preto, se eh branco; rico ou pobre, feio, bonito ou maquiado, esteja preparado para enfrentar a vida real.
Vez ou outra encontro alguns conterraneos que recusam-se a aceitar determinados tipos de trabalho, por conta do seu “pedrigree tupiniquim” e sou taxativo: aqui malandro, TU EH UM NADA. Fiz ate um ex-amigo, pois ele me disse que no meu deslumbramento, eu o estava fazendo se sentir pior do que o coco do cavalo do bandido. Nao gostou meu querido, pede pra sair! (me senti o capitao Nascimento agora hehehe).

Quer ter sucesso, esteja preparado para mudanca de percepcao sobre a vida. “ah porque eu sou pretinho”, “ah porque eu sou imigrante”, “ah porque os canadenses sao racistas”, “ah porque eu ixtudei no melhor colegio  e na melhor universidade do Brasil”. Pare de choramingar, porque quando tu chega aqui maneh, a menos que tenha um curriculo que te coloque em qualquer empresa de qualquer lugar do mundo – fato extraordinario, quando considerada a maioria, lembre-se de que VOCE EH UM ZE NINGUEM; isso mesmo, voce EH UM NADA e tem que ser como a Onix... renascer das cinzas para construir a tua historia aqui no Canada. Para alguns, as coisas acontecem mais rapidamente do que para outros, mas todos tem as mesmas oportunidades. Na pior das hipoteses, ganha experiencia de vida, aprende uma ou duas novas linguas (ou nao).

Finalizo com essa maxima: Pra mim só existem dois tipos de pessoas. As sortudas e as esforçadas. Eu venho amadurecendo essa opinião com situações empíricas, mesmo diante de uma sociedade plural, eclética e diversificada, vejo que todos se enquadram nessa dualidade. Marx já tinha dividido a sociedade em apenas duas classes: quem manda e quem obedece e de lá pra cá, nada mudou.
O sortudo eh aquele a quem a vida corre  sempre bem e, se não correr bem, eh porque algo melhor lhe esta guardado, alguem a quem a sorte sempre confirma a esperança. 

Ja o esforcado, tem que trabalhar duro, com persistencia, nao deixando o “cultivo do seu jardim nas mãos do acaso”. Um dia florescera e colheras os frutos desse tempo de dedicacao, estudo e trabalho. 

Vou continuar me esforcando, porque eh como dizia o poeta: “quando mais eu me esforco, quanto mais eu trabalho, mais sorte eu tenho”!!!




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