quinta-feira, agosto 25, 2011

35º aniversário

Hoje faço aniversário! Estou todo reflexivo, fazendo um balanço dos últimos 10 anos.


É engraçado olhar para trás e ver quantas coisas mudaram em tão pouco tempo... 


Nesse tempo, fui advogado (pensem no nego mala almofadinha), vendedor, consultor financeiro, líder de grupo de jovens, líder de música, cantor, apresentador (tinha um programa numa fm de SP), líder de coral da igreja, militante político, palestrante, saltei de paraquedas, fiz a minha primeira viagem internacional, rodei o Brasil a trabalho, trabalhei em inúmeras empresas, casei, aprendi francês, aprendi inglês, emigrei do Brasil para o Canadá... muitas coisas, muitas experiências, inúmeras frustações, inumeros sucessos...


E neste momento, 2 dias depois de completar 1 ano de Canadá, estou longe de todo o status e busca de aceitação que eu vivia no Brasil, tentando me superar em tudo o que eu me propunha a fazer. Estou no meio do caminho dos 40 anos... o black power está virando uma lustrosa careca, a barba tá grandona (vira e mexe a turma no Brasil pergunta se estou em depressão... hahaha).


Tô é numa nice! Muito feliz por ter concretizado um sonho frustrado aos 16 anos (à época, ganhei uma bolsa para fazer high school nos EUA, mas mamãe não deixou não deu certo. O sonho permaneceu vivo e hoje estou aqui no Canadá!


Feliz por ter abandonado aquela necessidade de TER, e ter agarrado a oportunidade de SER.  


Hoje, meio-careca, barbudo, "barriga d'água" começando a aparecer, mas muito feliz. É claro que um leve sentimento de saudade tenta "escorrer pelos olhos", por conta das pessoas queridas que ficaram no Brasil, mas que sucumbe diante  das possibilidades que vejo diante dos meus olhos.


Pra mim, é uma data de rever erros e acertos, sonhar novos sonhos e acima de tudo, VIVER. 


Sonhar é o que mantém viva a chama da minha esperança; Amar é o que me faz tentar até esgotar todas as possibilidades; Perdoar é o desáfio de aceitar as diferenças. 


Esquecendo-me das coisas que ficaram para trás, vivendo o presente e avançando para o futuro, pois este pertence aqueles que acreditam na beleza de seus sonhos (minha frase predileta).


Sou um otimista por natureza. Sensível com pose de durão (ui ui ui). Recuso-me a aceitar a derrota. No final das contas, tudo dá certo. Se algumas coisas ainda não deram certo, é porque não chegamos no final.


É isso ae negraum, parabéns pra mim!!! (kkk... eita neguim comédia).

Comentar os artigos

Olá pessoal,


Algumas pessoas nos enviaram emails, dizendo que estavam com dificuldade de comentar nossos post's


Eu dei uma fuçada nas configurações e agora acho que está ok! 


Então, estejam a vontade para comentar... É sempre muito bom receber um feedback da galera que acompanha a nossa saga.


E amanhã tem mais comemorações!!!

terça-feira, agosto 23, 2011

1º ano - Bens de consumo

É até covardia querer fazer comparações. Limito-me a dizer que o povo brasileiro é roubado na cara dura; carga tributária altíssima faz com que o acesso a bens de consumo seja limitado a uma parcela muitissimo pequena.


Exemplo: Toyota RAV4 zero km, com kit sport, aqui no Canadá custa aproximadamente R$ 47.000,00 (taxa de R$ 1.57 - Brasil Remitance). O mesmo modelo, com os mesmos opcionais, no Brasil não custa menos de R$ 106.000.00. Ou seja, 2,5 vezes mais caro.


Um modelo de televisor da Panasonic 3D, 50 po, aqui custa cerca de R$ 2.300.00. O mesmo modelo no Brasil custa R$ 7.399.00 (fonte:www.submarino.com.br).


Ipad: aqui custa no máximo R$ 863.00 e o mesmo modelo no Brasil custa mais de R$ 2.000.00.


A lista é longa, mas é o suficiente pra me convencer de que é muito melhor ser POBRE aqui no Canadá do que ser CLASSE MÉDIA no Brasil.


Se quiserem saborear os preços de bens e consumo aqui, visitem os sites www.futureshop.ca e www.bestbuy.ca.

1º ano - Carreira

Parafraseando a Pati, continuo dando meus pitacos sobre alguns assuntos, nestes post's comemorativos de aniversário.


Não sou a maior autoridade no assunto "carreira", porque, depois de 1 ano, tive apenas 2 experiências profissionais.


A primeira, como já dito, foi num trabalho chamado pelos brasileiros de "survival job" (ô expressãozinha tosta - trabalho é trabalho, caramba!) e durou menos de 30 dias, pois em seguida iniciei minha atual atividade.


Como eu gosto de dizer, sou dono do meu próprio nariz, pois tenho uma empresa  individual (ou melhor, sou autônomo e pronto).


Existem vantagens e desvantagens em optar por trabalhar por conta própria. Eu, pessoalmente, vejo muito mais vantagens (desde que se planeje a longo prazo, sobretudo no que diz respeito à desenvolver outras formas de garantir a aposentadoria). 


Algumas vantages: do faturamento bruto, é possível abater até 40% em despesas. Significa dizer que a faixa de imposto de renda devido, tende a diminuir substancialmente. 


Apenas para fazer uma comparação, um funcionário que ganha em torno de 100 mil/ano, paga aproximadamente 33 mil dólares. Um empresário autonomo que fatura a mesma quantia anualmente, paga menos do que o dobro do valor acima (ainda não é meu caso, só pra deixar claro - hehehe).


Além do que, o conceito de despesa é bastante amplo e incluiu uma porcentagem do mortgage ou aluguel, combustível, alimentação, mobiliário, celular, energia... isto é, tudo o que é gasto e tem relação com a atividade empresária (mesmo que de alguma forma). Existem diversos organismos que incentivam a atividade empresária, excelentes projetos de incubadora e dentre as coisas que me chamam a atenção, dou destaque especial à burocracia para abertura da empresa: no meu caso, demorou 15 minutos e saí da agência de revenu com cnpj e nº de contribuinte.


Outro aspecto que destaco é que as condições sócio-economicas atuais propiciam um "sonhar-possível". Quero dizer que, se a pessoa tem um projeto e acredita nele, é muito mais paupável torná-lo realidade no Canadá do que no Brasil, onde, ao menos no meu caso, sonhar era quase um devaneio.


Dentre as desvantagens, destaco os riscos que um empresário está exposto diariamente, seja em decorrência da oferta e demanda, seja em decorrência dos fatores econômicos; quando se está começando, não tem muita opção de não trabalhar muito e ironicamente, quanto mais a empresa cresce, mais demanda trabalho. 


Mas encorajo quem tem algum projeto engavetado, que arrisque-se por aqui. Tudo é possível. É uma terra que mana leite e mel.

1º ano - Saúde

Em comemoração ao meu primeiro ano de Canadá, arrisco-me, com base nas minhas experiências, a dar alguns pitacos sobre alguns assuntos. 


A cerca de 3 meses, a Vanessa teve uma crise de enxaqueca e precisar correr ao hospital no meio da noite. Optamos pelo The Ottawa Hospital, que fica a cerca de 5,6 km de casa. Não havia muitos pacientes, mas tendo apenas 1 médico de plantão, essa espera poderia durar a noite inteira. 


Ocorreu que a Vanessa foi medicada preliminarmente por uma enfermeira e depois de 2 horas de espera, sentiu-se melhor e fomos embora. Alguns amigos confidenciaram que, caso tivessemos optados pelo hospital de Gatineau, mesmo esse atendimento preliminar poderia ter demorado bem mais.


Bem, não foi uma experiência positiva (porque detesto ter que esperar muito), do ponto de vista da espera. Mas as intalações do hospital público (diga-se de passagem) são de fazer inveja a qualquer hospital de 1ª linha de São Paulo.


A cerca de 2 semanas, visitei um cliente que mora num vilarejo turístico, localizado na região serrana de Outaouais. Este cliente é médico e trabalha no hospital da cidadela. Lembro-me de ter abordado assuntos diversos e entre eles, a questão da saúde no Quebec. 


Ele foi categórico afirmou que habitualmente, a fila de espera neste hospital é inferior a 30 minutos e atribuiu ao fato de ser uma cidade com uma população bem pequena, embora o hospital tenha a mesma estrutura dos hospitais de Ottawa e Gatineau.


Excelente notícia, porque fica a 45 km de casa e em 20 minutos é possível estar lá (a partir de casa). Espero não ter que ir ao hospital tão cedo, mas, em sendo necessário, certamente iremos a Wakefield. 

Canadá - 1º ano nas terras do norte

Hoje eu completo meu 1º ano em solo canadense. Assim para comemorar essa tão especial e tão importante pra mim, pretendo, nas linhas seguintes, fazer uma retrospectiva destes primeiros 365 dias.


2010
Agosto: Lembro-me de que na minha despedida da famíla no aeroporto de Guarulhos, eu segurei a onda até o último minuto. Minha irmã caçula virou e disse-me: "vamos cantar a música da banda pela última vez..." deu um nó na garganta, tive que respirar fundo pra não abrir o berreiro (quoi? moi?). 


Dia 23: Quanta euforia. A exatamente 1 ano atrás estavamos desembarcando no Toronto Pearson Airport. Aeroportozim confuso, sem sinalização, malas espalhadas para tudo quanto é canto. Acamos perdendo a nossa conexão para Montreal, mas no final acabou dando certo. E no meio da baderna, a gente ainda conseguiu encontrar a Samila, que estava estudando em Toronto e foi ao aeroporto nos dar boas vindas. Eu estava tão acelerado, que mal deixamos as malas na casa dos amigos que nos receberam e já colocamos os pés na rua, para tirar a documentação. Conseguimos tirar TODOS os documentos no mesmo dia (incluindo abertura de conta no banco); 3 dias depois, estava indo com um outro amigo, o G. (ah que saudade de Laval hein G. e E.) a uma agência de emprego. Isso foi na quarta-feira. Tinham uma vaga no centro de distribuição de uma rede de lojas de conveniência, mas era para começar imediatamente. Segunda-feira, 1 semana após nossa chegada, eu estava começando a trabalhar.


Setembro: 
Exatos 32 dias depois, estavamos de mudança para Gatineau. Surgira uma oportunidade para ocupar o "trabalho dos meus sonhos", que eu idealizara ainda estando no Brasil. Explico: um amigo, o S.M., já mora por aqui a 4,5 anos e atua como contractor, ou seja, é prestador de serviços autonomo. Sempre conversamos muito sobre essa atividade, os ganhos financeiros, a liberdade e mobilidade proporcionada. "Puxa cara - dizia eu para mim mesmo - é isso que quero fazer quando chegar no Canadá". Deus abrira as portas de maneira escancarada. 


Outubro:
Depois de "morar" 32 dias na casa dos amigos em Deux-Montagnes e 2 semanas na casa dos amigos aqui em Gatineau, conseguimos o nosso canto. Improvisado, mas aconchegante (e daí que não tinha janelas - hahaha). Compramos nosso primeiro carro. Como eu gosto da minha chalanguinha. (e pensar que o mesmo carro, no Brasil, é o olho da cara). Vanessa vai para o Brasil.


Novembro:
Meu treinamento chegara ao fim. Finalmente eu pude começar a trabalhar de fato. Uau, será que daria pé? Afinal, estava iniciando uma atividade que eu não tinha a menor habilidade e meu amigo chegou a confidenciar a sua preocupação, quanto à minha compreensão do processo.


Dezembro:
Aprendi! Foi na marra, afinal, era o trabalho que eu tanto almejava, uma oportunidade de ouro. É meu e ninguém tasca. A porta que Deus abre ninguém fecha!


Janeiro:
A nega tá na área novamente. A distância é doida, pois aproxima ainda mais as pessoas. O frio chegou pra valer. Dias de -40º (mas eu estava psicologicamente preparado para algo muito pior). 
Finalmente mudamos para nossa casa. Agora sim! Bairro legal, casa legal, vizinhos legais (até fomos convidados para uma festinha na casa da vizinha - hehehe).


Fevereiro:
Apesar do mês mais curto, sinto-me completamente adaptado ao frio. É claro que essa história de vestir uma tonelada de roupas incomoda um pouco e transforma esse ato num ritual bem engraçado... algo como, 1 ceroula, 3 calças, 3 camisetas, 1 pullover, 1 blusa de lã, 1 jaqueta térmica, 1 touca e o boné. Ah... sem esquecer das 2 luvas. Quase um astronauta... fora o peso das roupas... Assim, é claro que não dá pra passar frio não é?!


Março:
Tô mega feliz, consegui comprar uma outra chalanguinha... essa é um presente pra pretinha... uau... caranga massa! Jamais teria condições de dar um carro desses pra ela no Brasil, porque por aquelas bandas custa muito mais do que R$ 100 mil. Recebemos também nossa primeira visita. Meu primo e sua esposa (que iniciaram o processo de imigração 1 ano antes da gente) chegaram e estão hospedados em casa. Puxa, saudades dessa dupla. Muito gente boa. E eu já conhece a cidade sufifientemente bem para fazer um tour e apresentar tudo pra eles... hehehe.


Abril:
Hora de preparar a documentação para o consulado, porque no próximo mês vamos receber uma visita muito especial!!!


Maio:
As coisas estão começando a entrar na rotina. A grande novidade é que a sogrinha chegou! Imagine a felicidade da pretinha, com a mama por perto. Aproveitamos a chegada dela para conhecer Toronto (nem que seja de passagem). Foi nossa desculpa para viajar pra lá e colocar o possante pra rodar. Ao mesmo tempo, estamos muito felizes que o meus primos conseguiram alugar um apê bem pertinho de casa; massa demais o novo lar deles. 


Junho:
O verão chegou e com ele um aumento significativo de trabalho. Mas ao mesmo tempo, isso significa um aumento de $$$, hehehe. Estou virando um expert. E já posso dizer que conheço a região de Gatineau na palma da mão. (até porque, aqui nem é tão grande assim. Atualmente há cerca de 300 mil habitantes e os governantes locais estão fazendo um esforço para atrair empresas para a região. Dizem as estatísticas que são esperados mais de 50 mil habitantes para os próximos 3 anos. Pra minha atividade, isso é ótimo, porque serão mais 50 mil clientes potenciais... heheehe


Julho:
Nem tudo é flores e vivemos alguns ciclos em nossa vida. Atravessando um desses ciclos que não são tão positivos. Mas é como disse Bob Marley: Os dias ruins são necessários, para os dias bons valerem a pena.


Agosto:
1 ano se passou e eu tenho a sensação de ter progredido 6 anos. (digo isso, porque em 1 ano, sinto que tive mais progressos do que nos últimos 6 anos no Brasil. Esta semana recebi um elogio de um euro-canadense, que é fluente em 6 idiomas (incluindo o português). Fui convidado a jantar na casa de seus pais, que não falam um "a" na minha lingua e o bate papo seguiu em francês e inglês. Já havia tido uma conversa francofona com eles a cerca de 8 meses atrás e ele me disse que meu crescimento na fluência do idioma é impressionante. Me considero um analfabeto funcional, porque consigo me comunicar bem em francês e inglês, mas ainda estou longe de me dar por satisfeito. Como eu comecei a trabalhar assim que cheguei, deixei o estudo convencional do idioma em segundo plano, porém o fato de estar em contato diário com os clientes, de diferentes nacionalidades, com seus acentos linguísticos, permitiu-me esse crescimento.


Fico especialmente lisonjeado, porque é realmente um grande desafio aprender dois novos idiomas e sobretudo por sentir-me cada vez mais à vontade em desenvolver um diálogo com as pessoas daqui. Sinto-me também integrado à sociedade local, tenho procurado fazer amizade com pessoas de diferentes nacionalidades. Esse crescimento cultural é impagável.


Vez ou outra me perguntam a quantas anda a minha saudade... se eu voltaria ao Brasil... bem, o futuro a Deus pertence, mas hoje a resposta é um redondo NÃO.



Ainda quero conquistar muitas coisas, conhecer muitos lugares, desenvolver novos negócios... Mas o saldo de 1 ano é estremamente positivo. Eu escrevi a alguns post's atrás que estou fazendo uma pausa para reflexão. Essa pausa não terminou completamente; estou torcendo para que os dias bons cheguem logo, e com certeza valerão muito apena, como esses dias não tão bons estão valendo (tudo tem um porquê).


E que venham mais 2, 3, 4 anos... e a cidadania!!!

quinta-feira, agosto 18, 2011

O que nos faz ser tão diferentes?

Agora pela manhã eu estava relendo alguns posts de blog's que acompanho e me deparei com um artigo escrito pela Gisele, em seu blog, artigo este escrito em Novembro de 2010 e trata do assunto do momento (conforme proposto pelo Wellington): Imigração e preconceito entre imigrantes.

Segue:

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O que nos faz ser tao diferente(s)?by Giselle Silva

Vou falar de um assunto que me incomoda há um tempo mas que só agora me sinto a vontade de escrever.
Sabemos que residente permanente aqui no Québec nem sempre é aquele que possui nível técnico ou universitário, que teve como investir dinheiro no processo de imigraçao e em cursos de línguas no Brasil. De fato, muitos canadenses nao sabem diferenciar muito bem estes "diferentes tipos de imigrantes" e ficam surpresos quando descobrem que passamos por um processo bem seletivo, onde pagamos taxas, comprovamos conhecimento linguístico, formaçao, experiência profissional, entre outras coisas. Um perfil bem diferente da maioria dos imigrantes do Québec. Acho super válido explicar qual é o perfil dos imigrantes brasileiros que estao aqui, que fomos selecionados, passamos por um processo e blá blá blá... mas fico desconfortável quando o assunto começa a tomar o rumo da superioridade e inferioridade entre os imigrantes. Sendo mais direta, falo do preconceito do imigrante contra o próprio imigrante. Do imigrante "qualificado" que se julga melhor do que o refugiado, que faz questao de apresentar o amigo québécois, mas nao faz questao nenhuma de trocar algumas palavras e conhecer um pouquinho sobre o imigrante refugiado.
Lembrando que, o Canada é um dos países que faz parte da ACNUR (Alto Comissáriado das Nações Unidas para os Refugiados), um órgao da ONU que dá apoio e proteçao aos refugiados do mundo. Àqueles que encontram-se fora de seu país de origem por sofrerem perseguiçoes devido à religiao, raça, nacionalidade, associaçao a determinado grupo ou opiniao política, etc.
Aqui no CEGEP tem até uma turma de francisaçao do Ministério de Imigraçao só para imigrantes que nao sao alfabetizados. Isso mesmo! O Québec dá um curso de francês para estes imigrantes, que nao tiveram a oportunidade de serem alfabetizados nem em sua própria língua.
Durante os cursos de francês tive a oportunidade de conhecer alguns imigrantes na situaçao de refugiado. Um casal da Sri Lanka que chegou no Canadá há mais de 2 anos com os 4 filhos e davam duro pra aprender a língua francesa que para eles sem dúvida nenhuma é mais dificil do que pra gente que tem uma língua materna latina. Eles diziam que na Sri Lanka eram ricos, mas que quando chegaram aqui ficaram pobres porque tiveram que investir todo o dinheiro para chegar no Québec com a familia.
Estudei também com um palestino, solteiro, formado em engenharia eletrônica, trabalhava aqui numa fábrica de madrugada e estudava francês de manha. Dava duro pra conseguir passar nas provas da ordem no Québec, melhorar o francês e no futuro poder trabalhar como engenheiro. Uma pessoa tao doce e tao sensível que tinha a capacidade de me emocionar com poucas palavras. Lembro-me dele falando que nao via a família há mais de 10 anos e que independente de onde ele estivesse seria sempre visto como refugiado. A Palestina oficialmente nao é considerada um país e o fato dele ter documentos palestinos que nao sao considerados válidos, faz dele uma pessoa sem pátria para o resto do mundo. "Palestinos são a maior população de desalojados do mundo". Pois é... uma pessoa que viveu uma história tao pesada, de identidade anulada pelo resto do mundo, pode ainda transmitir tanta doçura...
Sem contar o caso de uma amiga colombiana que fugiu da Colômbia com os filhos, deixando patrimônios porque estava ameaçada de morte por guerrilheiros a mando do marido. O que me fez tomar conhecimento de como as legislaçoes na Colômbia sao fragéis ou mesmo ausentes no que diz respeito aos direitos e proteçao da mulher.
Entao, histórias que a primeira vista sao bem melodramáticas, mas que a gente conhece muito bem pelos livros, jornais e filmes. Ouvir pessoalmente de quem passou e passa ainda pela experiência, me faz mais do que nunca ter respeito e admiraçao por eles.


terça-feira, agosto 16, 2011


O meu amigo Wellington, do blog wellsuzcanada, iniciou uma discussão interessante sobre se existe ou não preconceito aqui no Quebec.

Eu escrevi tanto, que resolvi dar meu pitaco aqui no blog.

Ontem eu rascunhei qq coisa e acabei deletando, mas hoje sinto-me especialmente inspirado a falar sobre esse assunto. Visitei um cliente que, segundo ele próprio, é "francês de nascimento, canadense por opção (imigrou a 25 anos da França para o Canadá) e brasileiro por adoção". 

Nos últimos 2 anos morou no Brasil, em Salvador. Bem, até chegarmos a esse ponto da conversa, nosso diálogo variou entre o francês e o inglês, até que ele, muito polidamente me questionou quanto à minha origem. "brasileiro", respondi. E ele, espantado, gaguejou: Brasileiro? cara, vc é o primeiro preto brasileiro que eu conheço aqui no Canadá! 

Bem, mas vamos aos fatos. Dois imigrantes, um europeu-canadense, educado em Londres e um preto brasileiro, educado na periferia de São Paulo. Inevitavelmente a conversa convergiu para as questões relacionadas ao preconceito. 

Quando no Brasil, já passei por algumas situações inusitadas, de preconceito perverso, tipo: carrão hein?! é pagodeiro ou jogador? esse negão é um mala... olha onde mora. (péssimo hábito de pessoas que nivelam por baixo). 

No Brasil, preto não pode morar num bairro de classe média alta que é “mala”?; não pode ter um carro um pouco melhor, sem que não seja associado a pagodeiro ou jogador? Infeslimente, no Brasil que eu conheço não. Esteriótipos que me enojam. Cansei de chegar a alguma festa ou evento profissional e, após "descobrirem" as credenciais de merda do crioulo, uau... arrumarem mesa, ficarem com aquela bajulação hipócrita. Estou a 1 ano aqui no Canadá e diariamente visito clientes canadenses (nativos ou não) e por isso, me permito algumas conclusões: prefiro 1 milhão de vezes o preconceito quebecois. Explico: aqui, tenho notado que o cara que não gosta do preto, é o mesmo que não gosta do francês de olhos azuis, depois de engatar uma conversa com este e perceber que seu acento é de francês e não de quebeca. 

Ou seja, o indivíduo preconceituoso, não gosta é de imigrante, independentemente da cor da pele. Eu prefiro sofrer esse tipo de preconceito, do que o preconceito existente no Brasil, que na minha maneira de ver, é um preconceito social, racial e econômico. Lá, se tem status, se tem pedigree, esse mesmo grupinho esquece que você é preto e passam a te tratar com uma atenção patriarcal. Puro jogo de interesses, porque você percebe que os teus pares (a negraiada) continua não sendo aceita por esse grupo, mas você tem o tabarnuche do pedigree não é mesmo?! 

E aqui no Quebec? Bem, constantemente me questionam a minha origem, porque, segundo alegam, meu acento me entrega que não sou de país francofono (ou seja, tú é negão, mas fala com um acento diferente... então não vem do Haiti e nem da Africa. Vem de onde, afinal?). Ok... sou brasileiro! "BRASILEIIIIIIRO??? Cool!!!” Esta tem sido a reação de 10 em cada 10 pessoas quando digo que venho do Brasil. 

Curiosamente, as situações de preconceito aqui partem de imigrantes. Canso de ouvir comentários racistas contra colombianos, haitianos, árabes, indianos... e adivinhem de que grupo partem estes comentários? Ok, eu falo... é do zé povinho de um país sulamericano, cujo nome começa com B e termina com L... hahaha. 

Definitivamente, o brasileiro é povo mais preconceituoso que eu já vi. 

domingo, agosto 07, 2011

Stephen Harper est arrivé au Brésil


BRASILIA, Brésil - Les crises financières aux États-Unis et en Europe, qui ont semé l'agitation dans les marchés financiers, seront vraisemblablement au sommet des priorités de Stephen Harper, lundi, lorsqu'il rencontrera la présidente du Brésil, Dilma Rousseff.
Le premier ministre du Canada est arrivé à Brasilia, la capitale brésilienne, dimanche soir, amorçant de ce fait la première étape de son périple en Amérique du Sud et en Amérique centrale.
Les ministres des finances et dirigeants des banques centrales des membres du G7 ont tenu des rencontres d'urgence au cours du week-end, afin de discuter de leurs inquiétudes face à la dette souveraine dans la zone euro et l'historique réduction de la note de crédit des États-Unis par Standard & Poor's.
L'agence de notation a enlevé aux États-Unis, pour la première fois, vendredi, sa cote maximale AAA lui accordant plutôt la cote AA+, immédiatement dessous. Cette diminution de la note de crédit des États-Unis pourrait faire en sorte qu'il deviendra plus dispendieux d'emprunter, que ce soit pour acheter une voiture, contracter une hypothèque ou se procurer des obligations d'État.
Au moment où les leaders du G7 s'exprimaient, leurs collègues du G20 cherchaient des solutions pour calmer les marchés financiers, en pleine ébullition.
Agités et inquiets, plusieurs investisseurs se sont débarrassés de leurs actions jeudi, lors de la plus forte liquidation d'actifs, sur une seule journée, depuis la crise financière de la fin de 2008.
Les craintes des investisseurs ne se limitaient pas à la situation aux États-Unis. Des milliards de dollars sont disparus des marchés boursiers la semaine dernière alors que les observateurs craignaient de plus en plus que l'Italie et l'Espagne ne se retrouvent en situation de défaut face à leurs lourdes dettes. Les conséquences d'un tel scénario pourraient être dramatiques, compte tenu de la taille de ces deux économies.
Les marchés au Moyen-Orient, ouverts du dimanche au jeudi, ont connu une chute radicale lors de la première journée d'activités suivant la décision de Standard & Poor's. Les investisseurs attendaient impatiemment l'ouverture des marchés asiatiques pour voir si la tendance serait la même.
C'est confronté à un tel portrait de la situation que M. Harper et Mme Rousseff doivent dialoguer au palais Planalta, à Brasilia.
Le gouvernement conservateur est désireux d'effectuer une incursion au Brésil, septième puissance économique au monde mais destinée à grimper au cinquième échelon d'ici quelques années.
Le Canada est à la recherche de nouveaux marchés d'exportation puisque les États-Unis, son plus important partenaire économique, ont encore de la difficulté à faire le ménage de leurs finances internes.
Quelque 400 entreprises canadiennes opèrent déjà au Brésil, le 10e plus important partenaire commercial du Canada. Les exportations canadiennes au Brésil ont totalisé 2,6 milliards $ en 2010 — une hausse de 60 pour cent par rapport à l'année précédente — tandis que les importations se sont élevées à 3,3 milliards $.
Depuis l'entrée en scène des conservateurs au pouvoir, le gouvernement du Canada a cherché à conclure des ententes de libre-échange bilatérales avec plusieurs nations, tout en accordant une importance particulière aux pays de l'Amérique latine et des Caraïbes.
Il y a trois ans, le Canada a conclu un pacte de libre-échange avec la Colombie, où M. Harper s'arrêtera mercredi. L'entente entrera en vigueur la semaine prochaine.
L'ancien gouvernement libéral de Jean Chrétien a paraphé un accord semblable avec le Costa Rica, où se rendra M. Harper jeudi. L'entente avec le Costa Rica est en force depuis 2002.
Des responsables du Canada et du Honduras — autre étape du voyage du premier ministre canadien, vendredi — se sont rencontrés deux fois depuis le mois de décembre. Les pourparlers avec le «Groupe des quatre de l’Amérique centrale», soit le Honduras, El Salvador, le Guatemala et le Nicaragua, ont été lancés il y a environ dix ans.
Le Canada semble plus près d'en arriver avec une entente avec le Honduras qu'avec ces autres pays. Toutefois, M. Harper ne prévoit pas annoncer la conclusion d'un accord avec le Honduras lors de ce périple.
Par ailleurs, une entente avec le Brésil est plus compliquée. Le Brésil doit obtenir l'accord de trois autres membres d'une entité économique surnommée Mercosur, soit l'Argentine, le Paraguay et l'Uruguay, avant d'accepter un tel partenariat.
Afin de démontrer toute l'importance qu'il accorde à ce périple de deux jours à Brasilia et à Sao Paulo, et aux relations entre le Canada et le Brésil, M. Harper est accompagné des ministres John Baird, Rona Ambrose, Diane Ablonczy et Ed Fast.