terça-feira, agosto 23, 2011

Canadá - 1º ano nas terras do norte

Hoje eu completo meu 1º ano em solo canadense. Assim para comemorar essa tão especial e tão importante pra mim, pretendo, nas linhas seguintes, fazer uma retrospectiva destes primeiros 365 dias.


2010
Agosto: Lembro-me de que na minha despedida da famíla no aeroporto de Guarulhos, eu segurei a onda até o último minuto. Minha irmã caçula virou e disse-me: "vamos cantar a música da banda pela última vez..." deu um nó na garganta, tive que respirar fundo pra não abrir o berreiro (quoi? moi?). 


Dia 23: Quanta euforia. A exatamente 1 ano atrás estavamos desembarcando no Toronto Pearson Airport. Aeroportozim confuso, sem sinalização, malas espalhadas para tudo quanto é canto. Acamos perdendo a nossa conexão para Montreal, mas no final acabou dando certo. E no meio da baderna, a gente ainda conseguiu encontrar a Samila, que estava estudando em Toronto e foi ao aeroporto nos dar boas vindas. Eu estava tão acelerado, que mal deixamos as malas na casa dos amigos que nos receberam e já colocamos os pés na rua, para tirar a documentação. Conseguimos tirar TODOS os documentos no mesmo dia (incluindo abertura de conta no banco); 3 dias depois, estava indo com um outro amigo, o G. (ah que saudade de Laval hein G. e E.) a uma agência de emprego. Isso foi na quarta-feira. Tinham uma vaga no centro de distribuição de uma rede de lojas de conveniência, mas era para começar imediatamente. Segunda-feira, 1 semana após nossa chegada, eu estava começando a trabalhar.


Setembro: 
Exatos 32 dias depois, estavamos de mudança para Gatineau. Surgira uma oportunidade para ocupar o "trabalho dos meus sonhos", que eu idealizara ainda estando no Brasil. Explico: um amigo, o S.M., já mora por aqui a 4,5 anos e atua como contractor, ou seja, é prestador de serviços autonomo. Sempre conversamos muito sobre essa atividade, os ganhos financeiros, a liberdade e mobilidade proporcionada. "Puxa cara - dizia eu para mim mesmo - é isso que quero fazer quando chegar no Canadá". Deus abrira as portas de maneira escancarada. 


Outubro:
Depois de "morar" 32 dias na casa dos amigos em Deux-Montagnes e 2 semanas na casa dos amigos aqui em Gatineau, conseguimos o nosso canto. Improvisado, mas aconchegante (e daí que não tinha janelas - hahaha). Compramos nosso primeiro carro. Como eu gosto da minha chalanguinha. (e pensar que o mesmo carro, no Brasil, é o olho da cara). Vanessa vai para o Brasil.


Novembro:
Meu treinamento chegara ao fim. Finalmente eu pude começar a trabalhar de fato. Uau, será que daria pé? Afinal, estava iniciando uma atividade que eu não tinha a menor habilidade e meu amigo chegou a confidenciar a sua preocupação, quanto à minha compreensão do processo.


Dezembro:
Aprendi! Foi na marra, afinal, era o trabalho que eu tanto almejava, uma oportunidade de ouro. É meu e ninguém tasca. A porta que Deus abre ninguém fecha!


Janeiro:
A nega tá na área novamente. A distância é doida, pois aproxima ainda mais as pessoas. O frio chegou pra valer. Dias de -40º (mas eu estava psicologicamente preparado para algo muito pior). 
Finalmente mudamos para nossa casa. Agora sim! Bairro legal, casa legal, vizinhos legais (até fomos convidados para uma festinha na casa da vizinha - hehehe).


Fevereiro:
Apesar do mês mais curto, sinto-me completamente adaptado ao frio. É claro que essa história de vestir uma tonelada de roupas incomoda um pouco e transforma esse ato num ritual bem engraçado... algo como, 1 ceroula, 3 calças, 3 camisetas, 1 pullover, 1 blusa de lã, 1 jaqueta térmica, 1 touca e o boné. Ah... sem esquecer das 2 luvas. Quase um astronauta... fora o peso das roupas... Assim, é claro que não dá pra passar frio não é?!


Março:
Tô mega feliz, consegui comprar uma outra chalanguinha... essa é um presente pra pretinha... uau... caranga massa! Jamais teria condições de dar um carro desses pra ela no Brasil, porque por aquelas bandas custa muito mais do que R$ 100 mil. Recebemos também nossa primeira visita. Meu primo e sua esposa (que iniciaram o processo de imigração 1 ano antes da gente) chegaram e estão hospedados em casa. Puxa, saudades dessa dupla. Muito gente boa. E eu já conhece a cidade sufifientemente bem para fazer um tour e apresentar tudo pra eles... hehehe.


Abril:
Hora de preparar a documentação para o consulado, porque no próximo mês vamos receber uma visita muito especial!!!


Maio:
As coisas estão começando a entrar na rotina. A grande novidade é que a sogrinha chegou! Imagine a felicidade da pretinha, com a mama por perto. Aproveitamos a chegada dela para conhecer Toronto (nem que seja de passagem). Foi nossa desculpa para viajar pra lá e colocar o possante pra rodar. Ao mesmo tempo, estamos muito felizes que o meus primos conseguiram alugar um apê bem pertinho de casa; massa demais o novo lar deles. 


Junho:
O verão chegou e com ele um aumento significativo de trabalho. Mas ao mesmo tempo, isso significa um aumento de $$$, hehehe. Estou virando um expert. E já posso dizer que conheço a região de Gatineau na palma da mão. (até porque, aqui nem é tão grande assim. Atualmente há cerca de 300 mil habitantes e os governantes locais estão fazendo um esforço para atrair empresas para a região. Dizem as estatísticas que são esperados mais de 50 mil habitantes para os próximos 3 anos. Pra minha atividade, isso é ótimo, porque serão mais 50 mil clientes potenciais... heheehe


Julho:
Nem tudo é flores e vivemos alguns ciclos em nossa vida. Atravessando um desses ciclos que não são tão positivos. Mas é como disse Bob Marley: Os dias ruins são necessários, para os dias bons valerem a pena.


Agosto:
1 ano se passou e eu tenho a sensação de ter progredido 6 anos. (digo isso, porque em 1 ano, sinto que tive mais progressos do que nos últimos 6 anos no Brasil. Esta semana recebi um elogio de um euro-canadense, que é fluente em 6 idiomas (incluindo o português). Fui convidado a jantar na casa de seus pais, que não falam um "a" na minha lingua e o bate papo seguiu em francês e inglês. Já havia tido uma conversa francofona com eles a cerca de 8 meses atrás e ele me disse que meu crescimento na fluência do idioma é impressionante. Me considero um analfabeto funcional, porque consigo me comunicar bem em francês e inglês, mas ainda estou longe de me dar por satisfeito. Como eu comecei a trabalhar assim que cheguei, deixei o estudo convencional do idioma em segundo plano, porém o fato de estar em contato diário com os clientes, de diferentes nacionalidades, com seus acentos linguísticos, permitiu-me esse crescimento.


Fico especialmente lisonjeado, porque é realmente um grande desafio aprender dois novos idiomas e sobretudo por sentir-me cada vez mais à vontade em desenvolver um diálogo com as pessoas daqui. Sinto-me também integrado à sociedade local, tenho procurado fazer amizade com pessoas de diferentes nacionalidades. Esse crescimento cultural é impagável.


Vez ou outra me perguntam a quantas anda a minha saudade... se eu voltaria ao Brasil... bem, o futuro a Deus pertence, mas hoje a resposta é um redondo NÃO.



Ainda quero conquistar muitas coisas, conhecer muitos lugares, desenvolver novos negócios... Mas o saldo de 1 ano é estremamente positivo. Eu escrevi a alguns post's atrás que estou fazendo uma pausa para reflexão. Essa pausa não terminou completamente; estou torcendo para que os dias bons cheguem logo, e com certeza valerão muito apena, como esses dias não tão bons estão valendo (tudo tem um porquê).


E que venham mais 2, 3, 4 anos... e a cidadania!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Poxa Parabéns excelente post Obrigado por compartilhar tanto !

Obrigado e abrs!